
Aqui está a segunda história que a Kerli escreveu sobre ela e sua infância postada no Kerli.net. O nome é bem simples: "2003". Leia abaixo a tradução:
Escrito em: 2003.
O padrasto que viveu conosco morreu quando eu tinha 7. Minha mãe o amava. Minha mãe amava todos os homens. Ele bateu numa árvore enquanto dirigia bêbado. Mamãe estava quebrada. Muito quebrada.
Eu me tranquei no banheiro durante o funeral. Eu comecei a rir e não conseguia parar. Isso foi extasiante. Será que eu e mamãe poderíamos ficar juntas de verdade agora? Enfim, aquele ninguém não poderia levar ela de mim... sim, finalmente. Eu não conseguia parar de rir. Mamãe me levou para o hospial. Para o hospital psiquiátrico. Era uma grande e linda casa, todas as mais calmas e suaves máscaras estavam bricando nas paredes e as janelas eram barradas. Eu era muito nova para lembrar muito disso. E, de qualquer forma, na maior parte do tempo eu estava sob sedativos.
Um pensamento vago de uma jovem poeta que tentou se machucar com tudo o que podia, sua desculpa era de que ela queria ver a vida após a morte; jogada na minha mente. Também de um homem, que pensava que era Buda e que seu propósito em vida era fazer com que todas as pessoas pensassem de forma certa. Pessoas que entraram tão profundamente em minha mente, e eles fizeram-na brilhar com a sua beleza interior. Talvez elas fossem as únicas pessoas normais? O que faz um pirralho mal-humorado ou uma bruxa velha que é uma psiquiatra se dar o direito de escolher o que é a "normalidade" de alguém? Deus nos criou iguais e do jeito que ele achou que fosse certo. Eu não creio que ele faria alguém diferente para pô-las em prisões brancas. Isso é doentio.
Eu aproveitei o tempo em que eu estive lá. Eu tenho certeza de que nunca vou conhecer alguém tão interessante. Eu me sentia como se eu fosse um dele. Essas pessoas tiveram a coragem de serem elas mesmas. Elas não se sentiram embarassadas ao revelar suas fantasias mais perversas e seus pensamentosmais doentios. Eles eram malucos. E quem pode culpá-los? Ninguém liga se eles cagam nos cantos ou comem com os dedos. Eles têm o direito de fazer o que eles querem.
E eles são felizes pra caralho.
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I.L.U